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sexta-feira, 16 de junho de 2017

Moça e o Sol



Se alegra aí moça!
Seca essa agonia
Põe tua armadura
Veste tua alegria

Distribui sorrir
A quem te der dor
Faz parecer tolo
A quem te nega amor

Atira uma pétala
A quem te lança espinho
Pega um atalho
Se bloquearam o caminho

Preserve sua pureza
Não suje seu coração
Ignore a aspereza
Viva em comunhão

Se está só
Se alegre
Se só está
Celebre.

Que sorte a tua poder viver
Sentir todos os sabores da vida
Dos momentos mais simples
Aos mais complexos.

Convença-se que estar vivo é milagre
Já olhastes para o céu e viu pontos brilhantes?
Deus colocou na noite para não lotar de escuridão
Se não bastasse colocou ao nosso lado o sol.

Um sol só para nós que ilumina a vida
Se a vida não fosse importante

Só teria lamparina. 

Além da gramática


Pensei em escrever palavras
Regras me foram impostas
“Deves usar a norma culta”
“Oxe!”, pensei eu, “o que é isso?”
Com tal norma
Nem meus pais, nem avós me educaram.
Me ensinaram a praticidade do falar
Não a escrever uma carta para um doutor.
É bem verdade que a norma culta é importante
Mas para mim nunca será a única norma.
Não preciso de norma culta para falar de amor
Seu doutor.
Eu falo com propriedade
Mesmo sendo analfabeto
Conheço a dor no peito
Sei amar meus filhos
Conheço a dor da fome
E nunca ganhei diploma por sofrer.
Se eu soubesse escrever
Ah doutor, seria premiado no mundo
Viajaria num avião
Discursaria num microfone
Cantaria um poema decorado.
Minhas palavras seriam vivas
Exultariam meus sentimentos
Escreveria verdade escrita
Minha poesia seria

Meu testamento.