Após
algum tempo sem postar nenhuma crítica ou como eu prefiro chamar, análise de
filmes, trago atrasadamente um singelo texto sobre o último filme do herói (ou
talvez nem tanto) Wolverine vivido pelo “o gente boa” Hugh Jackman. E tal como
os muitos entendidos ou não entendidos de filmes, eu gostei bastante. Todo
mundo que se interessou em assistir, já sabe um pouco da sinopse do filme,
então, pularei essa parte para não ficar entediante demais.
Logan,
é um filme com foco nos personagens, pois não se preocupa em explicar com
riqueza de detalhes o que está tornando o mundo cada vez mais decadente. É um
filme diferente dos bem-sucedidos vingadores, pois ele não faz questão de ter
muita relação com a franquia X-man ou os filmes anteriores do Wolverine. Ganha
assim uma maior liberdade para explorar as “particularidades humanas” dos
heróis e faz isso com maestria.
O
tom do filme não é daquele tipo que você levaria sua namorada para assistir de
mãos dadas, pelo contrário, tudo é muito denso, doloroso e sofrido. Os pequenos
momentos felizes são tão breves e tem mais a função de alívios cômicos para
deixar o calejado telespectador respirar um pouco. E sim, os diálogos cômicos
são muito engraçados e nenhum pouco forçados.
As
atuações do trio familiar: Professor Xavier (Patrick Stewart), X-23 (Dafne
Keen) e do protagonista são mais do que convincentes. É perceptível que o
roteiro ajuda muito na construção da atuação dos artistas e tenho certeza que a
motivação para interpretar recebeu um gás. Abaixo minhas impressões sobre cada
ator:
-
Hugh Jackman: Infelizmente não
acompanho muito o trabalho do ator, mas creio que esse tenha sido um dos papeis
mais importantes para ele. O jeito de andar, o ódio de um homem em decadência
no olhar e a atuação brutal é prova do maior comprometimento do ator com o
filme. Em algumas entrevistas o ator falou que acordou no meio da noite com uma
ideia para o personagem e apresentou ao diretor James Mangold e mais algumas
pessoas. A ideia foi desenvolvida e o filme foi lançado posteriormente. Ele deu
o seu melhor em cena, entrega física e psicológica que para um leigo como eu só
posso imaginar o quão difícil é atingir resultados tão intensos em cena.
-
Patrick Stewart: Um ator já
consagrado, mas ainda assim continua trabalhando duro com seus 76 anos de vida
e ainda surpreendendo com sua aula de atuação. O olhar perdido de quem possui
uma doença mental, a voz meio fraca e rouca, a aparência abatida e frágil de um
homem que já está no fim de sua vida. Um grande personagem nos quadrinhos não
poderia ser interpretado de forma tão sincera quanto pelo Patrick Stewart.
-
Dafne Keen: Não há muito o que dizer
de uma criança de 12 anos que atua com expressões e olhares. É muito difícil dizer
o que ela fará quando for adulta, mas eu espero que o talento dela vá além da
loucura de holywood e que ela possa viver o melhor da infância e ainda assim
ter um futuro promissor como atriz. A Dafne com certeza foi um achado e tanto
pelos realizadores do filme e pasmem, até onde eu pesquisei este é apenas seu
segundo filme.
SOBRE
AS CRÍTICAS E PROBLEMAS
As
mortes do filme foram compreensíveis e não atoa pelo menos na minha opinião. A
do próprio Logan de certa forma já era imaginada, pois esse era o encerramento
de um ciclo e morrer como um herói é uma morte digna para o Wolverine.
Alguns
criticam o fato da aparição de um clone do Logan, por acharem fora de contexto
ou que não foi uma ideia tão boa. Eu de nenhuma forma me incomodei, pois não
foi uma aparição gratuita. O filme foi soltando pequenas pistas ao longo de seu
desenrolar que justificou bem o uso do X-24. De certa forma seu uso pode ser
interpretado como uma metáfora, pois durante o filme o maior inimigo do Logan
era ele mesmo. Como um ato simbólico Logan morre como herói enfrentando um
vilão que é a sua cópia. E eu gostei bastante das cenas e a importância
atribuída ao vilão inesperado.
Sobre
a morte do Professor Xavier, ela é compreensível para enriquecer o filme e lhe
acrescentar dramaticidade. O roteiro vinha demonstrando que o mutante era uma
bomba viva e sua morte foi a última punhalada no coração despedaçado de
Wolverine. Foi muito bem construída toda a cena e mais impactante ainda, pois
Xavier havia se lembrado o que fez na sua mansão o que para alguém que dedicou
a vida para salvar mutantes fazer algum mal para eles parecia inconcebível. Uma
morte injusta e até revoltante o que lembra muito a nossa vida. Mas o professor
Xavier com certeza tem muito crédito, pois o seu coração era mais poderoso do
que sua mente.
Caliban
teve um papel relevante na história e apesar de não ter tanta explicação sobre
sua trajetória até se unir a Logan o filme justificou muito bem a sua presença,
ou seja, fez muito sentido e o personagem colaborou com o desenvolvimento da
história.
É
evidente que o filme possui pequenos problemas ou algo a se apontar, assim como
tudo nesta vida, uma pequena coisa que me incomodou foi a cena do trem, admito
ter pensado ser muito clichê. Aquela típica cena que o mocinho foge, porque um
trem separa o vilão dele. Lembro de ter pensado “Poxa, os carniceiros bem que
poderiam atirar por mais que o trem estivesse veloz”, ou simplesmente jogar uma
granada por cima numa trajetória de parábola (haha!), teve até uma breve
encarada do Logan. Mas isso é muito pequeno e só um mero detalhe que não faz
nenhuma diferença.
Outra
cena que alguns ficaram incomodados é com relação a encarada do X-24 e
Wolverine, teoricamente o clone deveria ter atacado, mas o Logan simplesmente
não reagiu e ele já tinha cumprido seu objetivo que era capturar a menina ou
talvez tenha sido uma reação instintiva, pois Logan tinha sua mesma aparência.
Outros reclamam pelo assassinato de Xavier, mas apesar de injusto tem uma
coerência na ideia corrompida dos caras maus: O Xavier poderia ser a maior
ameaça, bastasse liberar seus poderes da sua mente adoecida como já tinha feito
anteriormente no hotel. Para evitar risco ele foi eliminado. Ou seja, criticar
e achar problemas é muito mais fácil do que fazer um filme tão bom quanto
Logan.
Logan,
sem dúvidas é um filme maduro e para adultos que tem em geral uma visão
pessimista sobre a vida, não é para todo tipo de pessoa, não é um filme família
e nem um filme que um padre recomendaria. Porém tem momentos felizes sobre a
importância da família, Logan apesar de bastante adoecido fisicamente e
psicologicamente não desistia de seu “pai” que o insultava e no fim tornou-se o
herói que sua “filha” esperava. O final do filme dá esperança aquelas crianças,
X-23 tombando a cruz do túmulo de Logan revela um X de X-man e assim também é a
nossa vida, muitas vezes a cruz é pesada e o mundo nos deixa destroçados por
dentro, cabe a nós escolher quem queremos ser neste mundo: aquele que persegue
os inocentes e causa o mal ou aquele que mesmo fraco luta para salvar os bons.