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sexta-feira, 19 de maio de 2017

LOGAN, a análise atrasada (CONTÉM SPOILER)



Após algum tempo sem postar nenhuma crítica ou como eu prefiro chamar, análise de filmes, trago atrasadamente um singelo texto sobre o último filme do herói (ou talvez nem tanto) Wolverine vivido pelo “o gente boa” Hugh Jackman. E tal como os muitos entendidos ou não entendidos de filmes, eu gostei bastante. Todo mundo que se interessou em assistir, já sabe um pouco da sinopse do filme, então, pularei essa parte para não ficar entediante demais.
Logan, é um filme com foco nos personagens, pois não se preocupa em explicar com riqueza de detalhes o que está tornando o mundo cada vez mais decadente. É um filme diferente dos bem-sucedidos vingadores, pois ele não faz questão de ter muita relação com a franquia X-man ou os filmes anteriores do Wolverine. Ganha assim uma maior liberdade para explorar as “particularidades humanas” dos heróis e faz isso com maestria.



O tom do filme não é daquele tipo que você levaria sua namorada para assistir de mãos dadas, pelo contrário, tudo é muito denso, doloroso e sofrido. Os pequenos momentos felizes são tão breves e tem mais a função de alívios cômicos para deixar o calejado telespectador respirar um pouco. E sim, os diálogos cômicos são muito engraçados e nenhum pouco forçados.
As atuações do trio familiar: Professor Xavier (Patrick Stewart), X-23 (Dafne Keen) e do protagonista são mais do que convincentes. É perceptível que o roteiro ajuda muito na construção da atuação dos artistas e tenho certeza que a motivação para interpretar recebeu um gás. Abaixo minhas impressões sobre cada ator:



- Hugh Jackman: Infelizmente não acompanho muito o trabalho do ator, mas creio que esse tenha sido um dos papeis mais importantes para ele. O jeito de andar, o ódio de um homem em decadência no olhar e a atuação brutal é prova do maior comprometimento do ator com o filme. Em algumas entrevistas o ator falou que acordou no meio da noite com uma ideia para o personagem e apresentou ao diretor James Mangold e mais algumas pessoas. A ideia foi desenvolvida e o filme foi lançado posteriormente. Ele deu o seu melhor em cena, entrega física e psicológica que para um leigo como eu só posso imaginar o quão difícil é atingir resultados tão intensos em cena.



- Patrick Stewart: Um ator já consagrado, mas ainda assim continua trabalhando duro com seus 76 anos de vida e ainda surpreendendo com sua aula de atuação. O olhar perdido de quem possui uma doença mental, a voz meio fraca e rouca, a aparência abatida e frágil de um homem que já está no fim de sua vida. Um grande personagem nos quadrinhos não poderia ser interpretado de forma tão sincera quanto pelo Patrick Stewart.



- Dafne Keen: Não há muito o que dizer de uma criança de 12 anos que atua com expressões e olhares. É muito difícil dizer o que ela fará quando for adulta, mas eu espero que o talento dela vá além da loucura de holywood e que ela possa viver o melhor da infância e ainda assim ter um futuro promissor como atriz. A Dafne com certeza foi um achado e tanto pelos realizadores do filme e pasmem, até onde eu pesquisei este é apenas seu segundo filme.

SOBRE AS CRÍTICAS E PROBLEMAS


As mortes do filme foram compreensíveis e não atoa pelo menos na minha opinião. A do próprio Logan de certa forma já era imaginada, pois esse era o encerramento de um ciclo e morrer como um herói é uma morte digna para o Wolverine.
Alguns criticam o fato da aparição de um clone do Logan, por acharem fora de contexto ou que não foi uma ideia tão boa. Eu de nenhuma forma me incomodei, pois não foi uma aparição gratuita. O filme foi soltando pequenas pistas ao longo de seu desenrolar que justificou bem o uso do X-24. De certa forma seu uso pode ser interpretado como uma metáfora, pois durante o filme o maior inimigo do Logan era ele mesmo. Como um ato simbólico Logan morre como herói enfrentando um vilão que é a sua cópia. E eu gostei bastante das cenas e a importância atribuída ao vilão inesperado.



Sobre a morte do Professor Xavier, ela é compreensível para enriquecer o filme e lhe acrescentar dramaticidade. O roteiro vinha demonstrando que o mutante era uma bomba viva e sua morte foi a última punhalada no coração despedaçado de Wolverine. Foi muito bem construída toda a cena e mais impactante ainda, pois Xavier havia se lembrado o que fez na sua mansão o que para alguém que dedicou a vida para salvar mutantes fazer algum mal para eles parecia inconcebível. Uma morte injusta e até revoltante o que lembra muito a nossa vida. Mas o professor Xavier com certeza tem muito crédito, pois o seu coração era mais poderoso do que sua mente.
Caliban teve um papel relevante na história e apesar de não ter tanta explicação sobre sua trajetória até se unir a Logan o filme justificou muito bem a sua presença, ou seja, fez muito sentido e o personagem colaborou com o desenvolvimento da história.



É evidente que o filme possui pequenos problemas ou algo a se apontar, assim como tudo nesta vida, uma pequena coisa que me incomodou foi a cena do trem, admito ter pensado ser muito clichê. Aquela típica cena que o mocinho foge, porque um trem separa o vilão dele. Lembro de ter pensado “Poxa, os carniceiros bem que poderiam atirar por mais que o trem estivesse veloz”, ou simplesmente jogar uma granada por cima numa trajetória de parábola (haha!), teve até uma breve encarada do Logan. Mas isso é muito pequeno e só um mero detalhe que não faz nenhuma diferença.



Outra cena que alguns ficaram incomodados é com relação a encarada do X-24 e Wolverine, teoricamente o clone deveria ter atacado, mas o Logan simplesmente não reagiu e ele já tinha cumprido seu objetivo que era capturar a menina ou talvez tenha sido uma reação instintiva, pois Logan tinha sua mesma aparência. Outros reclamam pelo assassinato de Xavier, mas apesar de injusto tem uma coerência na ideia corrompida dos caras maus: O Xavier poderia ser a maior ameaça, bastasse liberar seus poderes da sua mente adoecida como já tinha feito anteriormente no hotel. Para evitar risco ele foi eliminado. Ou seja, criticar e achar problemas é muito mais fácil do que fazer um filme tão bom quanto Logan.
Logan, sem dúvidas é um filme maduro e para adultos que tem em geral uma visão pessimista sobre a vida, não é para todo tipo de pessoa, não é um filme família e nem um filme que um padre recomendaria. Porém tem momentos felizes sobre a importância da família, Logan apesar de bastante adoecido fisicamente e psicologicamente não desistia de seu “pai” que o insultava e no fim tornou-se o herói que sua “filha” esperava. O final do filme dá esperança aquelas crianças, X-23 tombando a cruz do túmulo de Logan revela um X de X-man e assim também é a nossa vida, muitas vezes a cruz é pesada e o mundo nos deixa destroçados por dentro, cabe a nós escolher quem queremos ser neste mundo: aquele que persegue os inocentes e causa o mal ou aquele que mesmo fraco luta para salvar os bons.