Páginas

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Conto - O menino imundo (parte 1)



O menino imundo (parte 1)

Escrito por: Blog Criativo Filme

Um velho carpinteiro estava caminhando na floresta em busca de lenha quando se deparou com uma estátua de uma criança. O velho ficou admirado e perguntou-se:
- Quem será que fez essa escultura de pedra?
Sendo assim resolveu levar a “estátua” para sua casa simples não muito longe dali. O velho morava sozinho e vivia de fazer e vender móveis com a madeira que encontrava na floresta. Certo dia um comprador veio lhe fazer uma visita para levar uma cadeira que antes tinha encomendado e ao entrar na casa do velho deparou-se com a escultura do pequeno. Ao vê-la disse:
- Escuta carpinteiro, não sabia que fazia esculturas de pedras. Por acaso não queres vender-me esta?
- Se me fizeres uma oferta digna talvez pense no seu caso. Entenda, deu-me muito trabalho para terminar esta escultura. Imagine um velho como eu quebrando materiais tão brutos quando as pedras. Certamente essa escultura valeu-me as juntas das mãos! – Mentiu o velho tentando fazer um bom negócio com seu cliente.
- Sim imagino o tempo que passaste esculpindo está obra e estou deveras impressionado com a perfeição da estátua, tenho impressão que a qualquer momento ela sairá andando pela casa e se revelará viva. – Diz o comprador.
- Assim sendo vendo-lhe a estátua por míseros mil *Cartipes. – Diz o velho acreditando que o senhor não pagaria nem metade deste preço.
- Vendido! – Diz o senhor, para surpresa do velhote que quase tem um infarto.
O homem, então, colocou a estátua dentro da caminhonete e seguiu para seu casarão no centro da cidade. O comprador era um famoso empresário do ramo de agulharia e praticamente toda agulha daquele país provinha de suas muitas fábricas. Já estava na metade do caminho quando o senhor fez uma curva fechada e uma força invisível empurrou a pobre estátua para fora da caminhonete. O rico negociante nem deu por falta.
A pobre escultura de pedra cambaleou pelo morro e só não teve ferimentos, pois estava revestida com o material petrificado dos mais resistentes, porém tamanha foi a queda que seu revestimento partiu-se e por uma brecha o menino pôde respirar e acordar do que imaginava ser apenas um sonho.  Assustado falou:
- Onde estou? Será que estou sonhando?Mamãe?!
Não muito longe dali uma *Coruja Mágica o observava e estava curiosa para saber quem era o menino dentro de uma estátua. Curiosa como todas as Corujas Mágicas foi lá para ver o que acontecera:
- Croook, ei você aí dentro da estátua! Consegue me ouvir, crook?
- Quem está aí?! Onde eu estou?! Onde está meu pai e minha mãe?! Eu estou num sonho?! – Diz o menino assustado.
- Croook!!! Então você é um menino de pedra não é mesmo?
- Sim, sim preciso ir para casa, sou filho do rei chamado... Do Rei chamado... João? Sim é isso, João, é o rei que é meu pai. Eu sou príncipe.
- Croook! Não se preocupe eu creio que posso ajudá-lo.
- Muito obrigado estranho realmente preciso retornar a minha casa, por favor, ajude-me a sair daqui e me aponte o caminho para o reino. Juro que será recompensado com muitas rúpias pela boa ação. – Propõe o menino.
- É uma oferta muito interessante jovem príncipe, todavia devo lhe dizer que Rúpias de nada valem neste mundo tudo gira em torno de Cartipes. –
- Ajuda-me e ao invés de Rúpias eu lhe darei um palácio, comida e tudo que quiseres.  
- Croook! Diga-me criança o que tem de bom de onde você veio? – Pergunta a coruja.
- Tem...tem...tem muitas coisas boas. Não me recordo muito, mas sei que existem muitas coisas boas lá. – Diz o pequeno já esquecendo o lugar de onde veio.
- Hummm parece que já está fazendo efeito. – Diz a coruja.
- Que efeito?! Do que você está falando?! Eu preciso ir para algum lugar. Por favor, lave-me para onde eu devo ir. – Diz o garoto assustado.
- Claro pequenino, não se preocupe, pois o levarei para onde deve ir.
O garoto então adormeceu dentro de seu casulo rachado e a coruja com o suas garras conseguiu quebrar a pedra que mantinha o menino preso, agarrou-lhe e colocou-lhe em suas asas e levantou vôo dali.
Foram mais de três horas de viajem e o sol já estava se pondo quando a Coruja Mágica chegou ao lugar almejado a “Toca das Corujas do Leste.” Ao chegar foi falar com o velho corujão para decidir o futuro do garoto.
- Senhor eu achei uma alminha perdida na floresta! – E a jovem coruja falou tudo o que sabia sobre a alminha ao sábio.
- Meu jovem Aktus fico grato por ter trazido esta pequena alma, porém devo dizer-lhe que chegou tarde demais. A criança já está impura. – Diz o velho sábio.
- Meu Deus, mil desculpas por minha falta Senhor, eu achei que poderíamos salvá-lo eu achei que poderia fazê-lo retornar ao seu mundo. – Diz o jovem Aktus com lágrimas escorrendo sobre o seu rosto de coruja.
- Meu caro Aktus ainda és jovem para entender, mas saibas que tudo que acontece não é por acaso, tudo tem um propósito nesta vida. –
Como já sabem o jovem havia sido amaldiçoado exatamente no momento e em que havia sido visto pelo homem velho na floresta. As alminhas é o termo que designa as crianças que se perdem do reino misterioso. As almas mais puras são as das crianças e essas crianças que vivem no reino misterioso são pequenos anjinhos que morreram humanas e renasceram noutro mundo. Depois de se tornarem anjos as alminhas não podem ser vistas por nenhum humano adulto.
Depois de conversar um bom tempo com Aktus o velho sábio Barok concluiu:
- A pequena alma terá que viver neste mundo, por mais que isso possa parecer assustador. 

Continua...

Glossário

*Cartipes: É a principal moeda de troca neste mundo fantasioso, claro que existem muitas outras como a Dobrada, Cachalota e Dinheirola, etc. Tem esse nome devido a um antigo rei chamado Cartipes I que governada um reino poderoso e cruel conhecido como Bretória, você nem imagina o que aconteceu em Bretória, mas isso é estória para outro livro que um dia pretendo concluir.
*Corujas Mágicas (ou CMicas): São corujas que lembram as corujas do mundo humano, só que não comem rato e atingem tamanho de um baiubi filhote, ou seja, elas são bem grandes. Elas não são vistas por humanos adultos, apenas por crianças de até três anos e as crianças podem enxergá-las quase o tempo todo, pois elas são o que os humanos chamam de anjo da guarda. À medida que as crianças se tornam mais velhas elas se esquecem dos anjos da guarda e algumas que um dia foram crianças.
Baiubi: São seres gigantes que tem uma importante missão na terra dos humanos: Plantar árvores.

Ps: Eu ainda não sei o que farei com a narrativa com riqueza de detalhes tenho somente ideias mais ruins do que boas, porém sinto-me feliz só pelo fato de tê-las.