MENINO VIRA-LATA
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Vira-Lata era um menino
de rua. Vivia jogado no mundo. Não tinha pai, não tinha mãe. Comia comida do
lixo, bebia a água da chuva. Dormia no chão gélido da grande cidade. Os adultos
que passavam ás vezes sim, às vezes não lançavam um olhar de pena em sua
direção.
- Cadê os pais desse
“minino”?! – Diziam alguns deles. Parecia que realmente se importavam com a
criança, mas viravam seus rostos e o menino desaparecia.
De vez em quando a dona
Maria da lanchonete ficava com pena e dava um prato de comida. Dona Maria separava
um prato descartável e dava as sobras para o menino. Quando não sobrava, o
menino ia catar no lixo da mulher. De vez em quando ele achava comida boa no
lixo, uma vez achou uma latinha de refrigerante “coca-cola” e um saco de batata
frita murcha, foi a melhor refeição dele.
A criança passava o dia
na rua fazendo “bico”; Lavava os vidros dos carros e pedia esmola no sinal.
Apurava uns três reais por dia. Ele estava juntando para comprar uma cama boa,
porque o papelão dava muita coceira. Depois da cama ele queria comprar uma casa
para não se molhar em dia de chuva. O menino juntava o dinheiro numa latinha de
leite “ninho” enferrujada. As pessoas que jogaram ele no mundo eram do mundo e
viviam para usar “crack” passavam muitos dias vagando como o Vira-Lata e o menino passava muitos dias sozinho.
Uma vez uma assistente
social que estava passando de carro viu o menino deitado com um cachorro do
lado, ambos, magros e doentes, eram companheiros na miséria. A mulher
obviamente ficou chocada e resolveu ajudar, denunciou o caso ao conselho
tutelar. Pena que a burocracia é burocrática.
Passou-se uma semana
desde esse dia e nada de a mulher aparecer para salvar os vira-latas. O menino
estava com febre, tinha comido comida estragada do lixo e estava sentindo dor.
O cachorro até tentava ajudar, lambendo e latindo. Vira-Lata já estava muito
fraco. Quase morrendo, ele pegou a lata de leite e deu como herança para o seu
melhor amigo.
Mais tarde a assistente
social pode levar o corpo do menino e enterrá-lo como gente. O cachorro que não
deixava os homens levarem o corpo da criança foi chutado e acabou perdendo seu
companheiro.
Aquele era um dia de
chuva em que o céu estava cinza, os prédios estavam altos, e as pessoas andavam
e viviam suas vidas virando suas cabeças e fechando seus corações.