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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Conto: Menino Vira-Lata



MENINO VIRA-LATA

Blog Criativo Filme

Vira-Lata era um menino de rua. Vivia jogado no mundo. Não tinha pai, não tinha mãe. Comia comida do lixo, bebia a água da chuva. Dormia no chão gélido da grande cidade. Os adultos que passavam ás vezes sim, às vezes não lançavam um olhar de pena em sua direção.
- Cadê os pais desse “minino”?! – Diziam alguns deles. Parecia que realmente se importavam com a criança, mas viravam seus rostos e o menino desaparecia.  
De vez em quando a dona Maria da lanchonete ficava com pena e dava um prato de comida. Dona Maria separava um prato descartável e dava as sobras para o menino. Quando não sobrava, o menino ia catar no lixo da mulher. De vez em quando ele achava comida boa no lixo, uma vez achou uma latinha de refrigerante “coca-cola” e um saco de batata frita murcha, foi a melhor refeição dele.
A criança passava o dia na rua fazendo “bico”; Lavava os vidros dos carros e pedia esmola no sinal. Apurava uns três reais por dia. Ele estava juntando para comprar uma cama boa, porque o papelão dava muita coceira. Depois da cama ele queria comprar uma casa para não se molhar em dia de chuva. O menino juntava o dinheiro numa latinha de leite “ninho” enferrujada. As pessoas que jogaram ele no mundo eram do mundo e viviam para usar “crack” passavam muitos dias vagando como o Vira-Lata e o menino passava muitos dias sozinho.
Uma vez uma assistente social que estava passando de carro viu o menino deitado com um cachorro do lado, ambos, magros e doentes, eram companheiros na miséria. A mulher obviamente ficou chocada e resolveu ajudar, denunciou o caso ao conselho tutelar. Pena que a burocracia é burocrática.
Passou-se uma semana desde esse dia e nada de a mulher aparecer para salvar os vira-latas. O menino estava com febre, tinha comido comida estragada do lixo e estava sentindo dor. O cachorro até tentava ajudar, lambendo e latindo. Vira-Lata já estava muito fraco. Quase morrendo, ele pegou a lata de leite e deu como herança para o seu melhor amigo.
Mais tarde a assistente social pode levar o corpo do menino e enterrá-lo como gente. O cachorro que não deixava os homens levarem o corpo da criança foi chutado e acabou perdendo seu companheiro.
Aquele era um dia de chuva em que o céu estava cinza, os prédios estavam altos, e as pessoas andavam e viviam suas vidas virando suas cabeças e fechando seus corações.