Ousei acreditar que tudo eu poderia
ser
E possuir na vida tudo o que eu podia
ver
Seria médico, advogado, veterinário e
astronauta
Iria trabalhar cheiroso e arrumado
com gravata.
Durante um certo tempo dediquei-me
aos estudos
Matemática, filosofia e geografia; Estudava
de tudo
Acumulei pequenos sucessos e elogios
Estudava até em noite que fazia frio.
Meu ego se encheu e a preguiça se
aproximou
Prodígio eu era, mais sabido que um
doutor
Diziam que eu era o máximo e de besta
eu acreditava
Para quê estudar se levo o
conhecimento do mundo numa mala?
Assim eu fui vivendo e dos estudos
esquecendo
As notas caindo e minha genialidade
sumindo
O consagrado gênio não passava de uma
farsa
Era fogo transformando-se em fumaça.
As rasteiras foram vindo e eu já estava
caindo
No buraco infinito que é o futuro
Pensamentos angustiantes me assolavam
Solidão, tristeza, medo, incerteza.
Já não sei mais quem serei
Serei plebeu ou Rei?
Serei pobre ou milionário?
Excepcional ou ordinário?
Nada mais importa.
Fui me dando conta de que fazia
perguntas vazias
Estava tentando adivinhar o futuro
Logo ele, tão inalcançável e ao mesmo
tempo alcançável.
Logo eu, tão esquecido e tão
sonhador.
O que eu tenho?
Um pedaço de papel
Um lápis com ponta cega
Um sonho.