TÚMULO DOS VAGA-LUMES
É um dos principais
filmes realizado pelo estúdio Ghibli que mostra a versão japonesa do segundo
conflito mundial. Uma animação adulta e muito intensa que conta a guerra a
partir da perspectiva dos civis inocentes mais especificadamente conta a
história de Seita e Setsuko, duas crianças que vivem no meio da miséria e das
dificuldades causadas pela disputa global.
O filme se passa no final
da Segunda Guerra Mundial na qual o eixo Alemanha, Japão e Itália luta contra
os Aliados (EUA, FRA, URSS, CHN, Império Britânico), mas deixando um pouco de lado essa
lembrança das aulas de história do ensino fundamental e/ou médio a obra foca-se
especialmente na sobrevivência dos pequenos.
Não pode deixar de se
notar a forte crítica a Guerra principalmente no que diz respeito ao sofrimento
dos civis japoneses no conflito. É um filme que tem o combate como plano de
fundo e que não é produzido em “Hollywood”, logo, é mais possível não vermos
heróis “japoneses” lutando contra forças inimigas, o que se vê são crianças e
pessoas lutando contra a fome, crueldade e os próprios conterrâneos sejam eles
“Aliados” ou não.
A animação é inspirada
pelo livro semi-autobiográfico Japonês de mesmo título que conta a história
verídica de Akiyuki Nosaka além de sua irmã Seiko. O autor escreveu o livro em
homenagem a sua irmãzinha pequena como uma forma de por para fora os seus
fantasmas do passado. O filme, porém não se trata de uma simples adaptação do
livro (que infelizmente ainda não li), mas conta toda história atrelado a certa
fantasia.
Assisti ao filme sem
saber exatamente do que se tratava, nem li sequer a sinopse e felizmente tive
uma “grata” surpresa, me surpreendi com a capacidade que a animação tem de
emocionar e contar uma história tão relativamente recente e cruel. Realmente
você acaba esquecendo que os personagens são desenhos e emociona-se com eles
como se existissem de verdade, muitos filmes gravados com atores não transmitem
tamanho impacto nas nossas emoções.
A obra nos faz refletir a
cerca da natureza humana e nos faz questionar sobre o que nós estamos fazendo
para o bem estar do próximo. Na verdade em alguns momentos a animação evidencia
o egoísmo dos adultos, obviamente o cenário em que ocorre o filme é bem
catastrófico, mas ainda assim o egoísmo é um sentimento que não se
justifica.
Quantas vezes você viu
uma criança pedindo comida na porta da sua casa? Quantas vezes você viu
crianças na rua com seus pais mendigos pedindo esmola? Quantas matérias e
documentários você viu ou ouviu falar mostrando crianças passando fome em
regiões do continente africano? Quantas
e quantas vezes você viu aquele milionário comprando uma casa gigantesca? E
aquele jogador de futebol com aquele carrão? E você quantas vezes ficou com
raiva de seus pais por não lhe darem o celular, o videogame, o brinquedo ou a
roupa que você queria. Tudo é tão pequeno diante da fome e da miséria.
Não estou querendo dizer
que é errado comer enquanto alguém passa fome na África e muito menos que você
poderá mudar o mundo por completo. Pelo menos tente mudar a si mesmo, respeite
as pessoas, não ignore os mendigos na rua, não pense que os bens que você tem
são mais valiosos do que um bom caráter, não se importe com o carro do ano, o
celular do mês, e com a bolsa que você não tem contente-se com o que você tem,
agradeça seus pais por lhe darem um teto, uma casa, por lhe amarem, por lhe
manterem vivo e por muitas vezes se sacrificarem por você. Existem pessoas que
dariam sua vida para ter por um dia o que você tem. Sejam gratos pela sua
família.
Lembre-se que quando
morrer seu dinheiro não vai ser enterrado com você, seu diploma da universidade
não vai lhe ser útil, seu carro e suas roupas de marca não estarão todas lá.
Você ficará apenas na mente das pessoas. Seus amigos lembrarão quem você era,
seus inimigos também, seus filhos terão a você como exemplo e em anos você será
esquecido. Mesmo que você seja famoso e existam pessoas que se lembram de você
por séculos você será apenas uma ideia.
A guerra é um dos maiores
atestados de burrice da humanidade, assim como a violência, o egoísmo e a
“superioridade”. Não importa em que acredite você é nada se comparado ao
tamanho do universo. Menor que um grão de areia em um deserto, menor que uma
gota no oceano. Neste mundo você é como uma folha soprada pelo vento, num
momento estava em uma árvore, num outro cai na terra e desaparece.
O túmulo dos Vaga-lumes
nos ensina que nós estamos apenas esperando um trem para um outro mundo e a
passagem só pode ser possuída por quem merecer.
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