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segunda-feira, 27 de julho de 2015

A incerteza do futuro





 Numa cidade perto de lugar nenhum havia uma pessoa cujo nome não se pode pronunciar. Essa pessoa vivia sozinha e esquecida no meio do nada, nunca teve filhos, não sabia o que era o amor e não conhecia o sabor doce da comida de quem se ama.  Era alguém amargurado com a vida e que não tinha grandes expectativas para o futuro.  Era escritor de histórias fantasiosas, mas sequer sabia escrever.
Num belo dia encontrou uma moça num bosque perto de nenhum lugar, achou-a bela. A moça estava sentada perto de um lago e tocava a água com seus dedos delicados, parecia admirar seu reflexo. O homem que não tinha nome aproximou-se e tentou ter algum tipo de contato com a moça. A moça o olhou. Disse:
- O que você está fazendo aí de pé? – Perguntou um tanto assustada para o homem. Ele sorriu e respondeu:
- Apenas admirando as belezas desta vida. Você é uma delas, por sinal.
- Obrigada, mas preciso ir agora.
- Perdoe-me, meu nome é Paulo. Não queria assustá-la de nenhuma forma, eu moro aqui perto e tenho o hábito de caminhar por este bosque todas as manhãs. Perdoe meus modos também. É que dificilmente vejo alguém neste bosque tão cedo.
A moça que parecia triste mudou seu semblante de preocupação e levantou-se olhando nos olhos de Paulo. Observou o homem por algum momento e disse-lhe:
- Obrigada pelo elogio, tenho precisado ultimamente de algum elogio. Bem, eu precisava espairecer um pouco, ultimamente tenho andado com a cabeça cheia. Achei que este bosque era um bom lugar para isso.
- Sei bem do que está falando, esse é um dos motivos de eu andar por aqui todas as manhãs. Não pude deixar de notar sua tristeza. Não combina uma moça tão bela andar tão triste por aí. Posso ajudá-la?
- Não acredito que você possa, mas obrigada por tentar. Devo ir. Paulo, não é mesmo?
- Sim, Paulo Meneses. Escute, você tem algum compromisso no sábado?
- Não.
- Poderia convidá-la para um café?
- Poderia.
- Gostaria de tomar algum café comigo no sábado?
- Não.
- Não? Mas disse que eu poderia convidá-la.
- Sei o que eu disse, desculpe-me não posso aceitar um convite a um café com um estranho.
- Nesse caso você também é uma estranha para mim.
- Sou é?
- É, todo dia eu venho nesse bosque na mesma hora essa é minha rotina. Em três anos nunca vi ninguém a essa hora por aqui. 
- Você realmente não sabe quem eu sou?
- Bem, na verdade já vi você andando perto da minha casa.
- E você não me conhecia?
- Bem, eu sabia que seu nome era Paulo. O Meneses é novidade. Você quem começou com esse negócio de “estranha.” Deu a entender que você nunca tinha me visto.
- Eu não costumo dizer pra uma “estranha” que ela é bonita.
- Mas de certa forma nós não nos conhecemos. Apenas vi você por aí algumas vezes.
- Você tinha alguma impressão de mim?
O homem sentou-se na beira do lago e tinha a esperança que a moça, não tão estranha assim, sentasse ao seu lado. Ele queria continuar aquela conversa, queria conhecer melhor aquela bela garota de quem só “conhecia de vista”. A moça felizmente sentou-se dizendo:
- Creio que não tinha muitas impressões a seu respeito. É verdade que eu conheço o seu rosto, mas não sei muito sobre você. É muito misterioso.
- Poxa, isso já é alguma coisa. Por que me acha misterioso?
- Não sei, vive sozinho naquela casa, parece que não tem nenhuma esposa, filhos, família. Não vejo você nas festas com os outros jovens, não vejo você com garotas.  Posso te perguntar algo?
- Pode sim. – Responde sorrindo.
- Qual sua idade, Paulo?
- Tenho 27 anos.
- O que você faz da vida?
- Bem, eu tento escrever histórias.
- Histórias sobre o que?
- Não sei ao certo, histórias sobre qualquer coisa.
- Como você consegue sobreviver escrevendo?
- Além de escrever eu tenho uma loja de roupas esportivas.
- Você é um empresário?
- Não gosto dessa palavra, a loja era do meu pai. Eu herdei.
- Então você é um filhinho de papai?
- Não, eu apenas herdei a loja. Realmente não tenho nenhum esforço para mantê-la, apenas sobrevivo com os lucros. Meu irmão cuida da parte administrativa. Pensando melhor sou um vagabundo.
- Interessante como as pessoas têm uma história de vida tão particular.
- É mesmo, e você quem é além de uma moça bonita?
- Pietra, 25 anos, formada em cinema. Infelizmente ainda moro com minha mãe. Não que eu não goste da minha mãe, mas eu queria morar sozinha, ter uma casa. Viajar o mundo sabe lá. Já estou velha.
- Velha? – Questiona Paulo sorrindo.
- É.
- Legal, eu adoro filmes. Você não tem algum sonho do tipo dirigir algum filme?
- Sim, já fiz alguns curtas e ganhei um prêmio.
- Qual prêmio?
- Um prêmio Estadual de cinema amador.   
- Muito bom. Você não quer passear comigo um dia desses?
- Não.
- Não?!
- Isso mesmo.
O rapaz decepcionado foi embora. Uma semana depois conheceu outra bela mulher, pela qual se apaixonou e futuramente se casou. Teve dois filhos que se chamavam Bernardo e Felipe. A moça do bosque uma semana depois foi diagnosticada com cancro no cérebro e após longos quatro anos lutou contra a doença e ficou curada. O rapaz tomou conhecimento da história de luta da moça e escreveu um livro. A moça adaptou e dirigiu um filme sobre sua própria vida. Foi um sucesso absoluto.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Armadilha



Numa vila escura e pálida, as árvores balançam no sentido do vento, a lua era coberta pelas nuvens e a distância, sussurros ao longo da estrada.
Uma mulher loira morava numa casa solitária e esquecida no meio do nada. Tinha um rosto profundamente triste. Parecia jovem, mas as rugas lhe saltavam dos olhos.
Numa noite chuvosa bate-lhe a porta um homem de terno preto e de olhos castanhos, cuja aparência era cansada. Ouvem-se os passos na varanda de madeira da mulher. Ouvem-se batidas em sua porta. TOK, TOK, TOK!
- Alguém em casa? – Diz o homem.
- Sim, há alguém. Deixei a porta aberta e estava a sua espera. – Responde a mulher.
Surpreso o homem entra no recinto e enxerga a velha casa, silenciosa, cheia de móveis antigos e empoeirada. Pergunta onde está a mulher; não se ouve nada. O homem está tenso e procura pela mulher na casa. Vai à cozinha e nada encontra, no banheiro, no quarto, se desespera, grita pela mulher.
Algum tempo depois escuta barulhos no porão. Relutante entra. Abre a porta devagar. Tudo escuro, enxerga vultos na densidão. Liga a luz, nada vê. Assustado sai da casa e retoma seu caminho em um carro. Já saindo escuta uma voz bizarra sussurrando em seu ouvido:
- Se eu fosse você, não olharia para trás.  

terça-feira, 26 de maio de 2015

Eu não desisti de você

Nesta vida que passa depressa, nesses dias que se vão, nunca tenho tempo de escrever da forma que eu amo. Sempre preocupado com notas, trabalhos e pessoas. Sempre perdido em pensamentos e abstrações. Nunca com vontade de estudar e sempre com vontade de aprender. Vivo um dia após o outro, fechado em minha armadura invisível. Minha vida se passa e eu não sei bem para onde estou indo e até onde chegarei. Ainda não aprendi a escrever e a fazer muitas coisas que deveria saber. Sou um preguiçoso com sonhos de grandeza que não sabe quem, de fato, é ou será. A única coisa que sei é que não posso desistir de você.

domingo, 19 de abril de 2015

Fábula: Uma lição dos chocolates







No reino de chocolate
Todo mundo era de chocolate,
As pessoas, os aviões e os carros
Eram feitos de chocolate.
O prefeito da cidade era feito de chocolate amargo
A pequena menininha era feita de chocolate branco
Todos daquele reino eram muito diferentes
Uns brancos, pretos, amarelos, azuis, rosa.
Tinham diversos sabores
E não deixavam de serem todos chocolates.
Num triste dia um monstro gigante viu o mundo de chocolate
Comeu as casas, os carros, e os aviões de chocolate.
Acabou ficando com dor de barriga e adoeceu
Foi embora pra longe e prometeu vingança.
Os chocolates ficaram tristes e reconstruíram o seu mundo novamente
Dessa vez, ao invés de chocolate, fizeram tudo com rapadura.
E o monstro nunca mais voltou. 



sábado, 4 de abril de 2015

Conto: Asas de papel




Escrito Por: Daniel Victor (Blog Criativo Filme)

Em um quarto de hospital a pequena Sadako fitava as nuvens do céu pela janela. Pensava como seria a sensação de ter o vento em seu rosto, assanhando seus cabelos, e congelando sua pele. Sonhava com o sentimento de liberdade que tanto almejava alcançar.
Sasaki era apenas uma menina de doze anos de idade, de cabelos negros e sorriso cativante. Seus olhos eram pequenos e sinceros e sua voz era doce como a voz de uma criança. Apesar de sua doença era uma criança como as outras, gostava de brincar com seus amigos, e de pentear seus cabelos olhando para o espelho, sua fita vermelha era colocada entre os seus fios toda vez que ia para a escola. E assim pediu para sua mãe:
- Mamãe hoje é o dia que meus amigos da escola virão me visitar, por favor, poderia me dar meu laço vermelho para prender o meu cabelo?
- Claro meu anjo, pedirei para que seu pai traga e eu mesma lhe enfeitarei e pentearei os seus cabelos. – Disse carinhosamente a mãe da menina.
Teimosa do jeito que é Sadako Sasaki disse que ela é quem iria arrumar-se, pois estava cheia de energia e contente, pois sairia do tédio diário que era ficar no hospital.
Mais tarde naquele dia cerca de doze crianças entraram para visitar a pequena. Os olhos da menina brilharam como um diamante precioso e seu sorriso doce iluminou todo o quarto do hospital. Ao verem a pequenina todos gritaram:
- Olá Sadako, estávamos com muita saudade de você! –
Sadako não pode evitar, começou a chorar. Todas as crianças deram-na um abraço apertado e desejaram-na força, pois logo sairia daquela cama de hospital e estaria brincando com todas elas novamente. Uma a uma deram-na mais um abraço caloroso e se despediram. Quando iam saindo o professor de Sasaki viu uma folha em branco em cima da mesa pegou e depois de alguns instantes dobrando um papel deu a menina um Tsuru dizendo:
- Sadako aqui está seu primeiro Tsuru, segundo a lenda aquele que fazer mil conseguirá um desejo.
A menina sorriu e agradeceu ao professor e disse-lhe que não descansaria até que o milésimo estivesse terminado. O professor ensinou Sadako, mostrou como fazia o pássaro de papel e rapidamente ela aprendeu.
Todo dia Sasaki fazia o maior número de Tsurus que podia. Sua mãe e pai traziam muitas folhas coloridas de papel diariamente. A doença da menina piorava a cada dia, mas ainda assim a pequena arranjava forças para continuar fazendo seus pássaros coloridos.
Fez cem Tsurus, duzentos Tsurus, trezentos Tsurus, quatrocentos Tsurus, quinhentos Tsurus, seiscentos Tsurus, seiscentos e dez, seiscentos e vinte, seiscentos e trinta, seiscentos e quarenta...Todo dia, lutando contra a leucemia, contra a fraqueza, tinha um desejo em sua mente e a alegria de uma criança. Suas forças acabaram no seiscentésimo quadragésimo sexto Tsuru.
Sadako não completou os mil Tsurus sozinha, mas sim com seus amigos de classe que terminaram o restante dos pássaros. Todas as crianças com um desejo em mente: A paz mundial.
Lá no céu Sadako pode enfim ser livre, perto das nuvens, das estrelas, voava com mil Tsurus, era um anjo com asas de papel protegendo o nosso lindo mundo azul.

FIM

Este conto é baseado na história real de Sadako Sasaki, uma das vítimas da Segunda Guerra Mundial. Um monumento foi construído em Hiroshima em sua homenagem. Que sua história seja um marco contra a guerra. PELA PAZ MUNDIAL!

Coisas Confusas: Casamento Inusitado





Casamento inusitado

Na primavera estava fazendo um sol escaldante, era noite e as árvores estavam com frio na espinha. Um esquilo começou a latir com medo do escuro. Um cavalo que ali passava mugia de medo.
A senhora iria se casar a meia noite com o Urubu que vivia lhe chamando em sua janela. O dentista combinou de passar na casa da senhora para examinar o seu velho coração. O dentista receitou um remédio para a pressão e disse para que a senhora permanecesse em repouso e que capinasse todo o mato do quintal.
A senhora pegou um garfo e foi capinar no quintal sem mato. Voltou e viu muitas pessoas gritando e cantando em sua direção e uma faixa dando-lhe parabéns pelo seu vigésimo aniversário. O Urubu teve um ataque cardíaco devido à tamanha surpresa. A senhora de vinte anos de idade era uma velha viúva. O Urubu morreu e foi enterrado no mar.
O mar secou de sede e a terra virou água devido ao sol que não brilhava. As nuvens baixaram tanto que encostaram no chão. A jovem velha senhora viúva prometeu a si mesmo que não iria mais casar. Duas horas depois casou-se com o Urubu.
A vaca relinchava de alegria e o pato disse que a cerimônia era solene. O dentista celebrou o casamento. O médico examinou os dentes dos noivos e cancelou o casamento. O esquilo latiu de tristeza.
Um ano depois o Urubu morreu de novo e a velha jovem senhora virou uma viúva feliz com seu marido. A lua de mel foi no deserto do Saara, pena que chovia bastante naquele dia.
Neste momento eu acordei.